Na última semana, foi realizada a a Cybathlon – também chamada de “olimpíadas biônicas” –, competição esportiva sediada na Suíça da qual participam pessoas com deficiência que usam tecnologias avançadas.
Na edição deste ano, o atleta Jonathas Scarano, do projeto FreeWheels, da Escola de Engenharia da UFMG, disputou uma corrida de triciclos para atletas com lesões medulares, incluindo paraplégicos e tetraplégicos classificado em 9º lugar na categoria FES Cycling Race.
Jonathas Scarano treina no Laboratório de Bioengenharia (Labbio) e também ao ar livre, no Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG. Seu triciclo é equipado com uma tecnologia baseada na eletroestimulação funcional, método que utiliza pulsos elétricos transcutâneos controlados por inteligência artificial (IA) para ativar os músculos das pernas de forma coordenada, tornando possível que pedale de forma independente.
O atleta conta com acompanhamento fisioterápico e médico e interage com as equipes de engenharia e de tecnologia. “O projeto é muito promissor e tende a beneficiar outras pessoas com mobilidade reduzida”, observa.
Modelo exclusivo
Segundo o professor Henrique Martins, vice-diretor da Escola de Engenharia e coordenador do FreeWheels, o triciclo que será pilotado por Jonathas Scarano não é um modelo comercial, mas desenvolvido especificamente para a competição. “A equipe FreeWheels concebeu o equipamento em parceria com a Universidade de Montpellier (França). O projeto tem participação de profissionais de diversas áreas, como engenharia, fisioterapia e medicina, que trabalham em conjunto para aprimorar a tecnologia e o desempenho dos atletas”, detalha.
O triciclo tem sensores que detectam a posição do pedal e enviam essa informação para o sistema de IA, que, por sua vez, controla a aplicação dos pulsos elétricos nos músculos do Jonathas.
Os recursos financeiros para as bolsas dos pesquisadores, os insumos e a montagem do triciclo foram mediados pelo projeto PowerTrike, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Integrante da equipe, a médica Pollyanna Helena acrescenta que o FreeWheels pretende ampliar o alcance da tecnologia. “A eletroestimulação funcional, além de possibilitar a pedalada, auxilia na prevenção da atrofia muscular, melhora a circulação sanguínea, contribui para a cicatrização de feridas e pode até mesmo melhorar o condicionamento cardiovascular. Por isso, é possível proporcionar melhor qualidade de vida de outras pessoas com lesões medulares”.
A equipe apoiada pela Fundação Christiano Ottoni, CMU Energia, Instituto do Galo, Brunsker e Visuri irá dar sequência ao desenvolvimento da tecnologia com dois objetivos principais: adotar as melhorias tecnológicas visando melhorar sua performance para a próxima seletiva regional que está prevista para o ano de 2026 e disponibilizar outros triciclos adaptados para que mais pessoas possam ter acesso a essa nova possibilidade de atividade física, e se beneficiem das vantagens que esse tipo de exercício pode trazer para saúde e bem estar.