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Estudo da UFMG revela níveis críticos de poeira no ar em Congonhas (MG)
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Estudo da UFMG revela níveis críticos de poeira no ar em Congonhas (MG)

A combinação entre atividade mineradora, solo exposto e condições meteorológicas pode elevar a quantidade de poeira a níveis que ameaçam o meio ambiente e a saúde da população. Um estudo realizado por pesquisadores da UFMG em Congonhas (MG), a cerca de 80 quilômetros de Belo Horizonte, identificou valores de concentração acima do limite estabelecido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US EPA) — referência mundial em controle da poluição do ar — e superiores aos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados integram o Inventário de Emissões Atmosféricas – Ano Base 2023, que será lançado no dia 24 de novembro, às 14h, no Museu de Congonhas.

Coordenado pela professora Taciana Toledo de Almeida Albuquerque, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Escola de Engenharia da UFMG, o estudo revela que as vias pavimentadas do município apresentam, em média, 3,22 gramas de silte — tipo de partícula de solo ou poeira — por metro quadrado. O índice reflete o acúmulo típico em cidades com forte presença da mineração e tráfego intenso de veículos pesados. As medições mostraram que 89% dos locais avaliados apresentaram concentrações entre 1 e 7 g/m², enquanto 11% superaram esse valor, sendo considerados trechos críticos quanto ao potencial de levantar poeira e afetar a qualidade do ar, aumentando também o incômodo da população com relação à sujeira.

As coletas de pó acumulado nas ruas foram realizadas por uma equipe multidisciplinar de cientistas da UFMG, da UERJ e da UFES e pela equipe técnica de uma empresa especializada em consultoria ambiental. Eles recolheram amostras em 38 vias pavimentadas de diferentes regiões de Congonhas — com distintos volumes de tráfego e características construtivas — além de trechos da rodovia BR-040, que corta o município de cerca de 53 mil habitantes. O monitoramento ocorreu entre 23 de junho e 2 de julho de 2025, em dias úteis, com adaptações de metodologias internacionais para identificação de padrões diários, semanais e sazonais de teor de silte (poeira acumulada sobre uma superfície, geralmente expressa em gramas por metro quadrado).

O Inventário foi elaborado utilizando-se quatro categorias de fontes principais da região: industriais, urbanas, biogênicas (originadas por organismos vivos) e de queimadas, incluindo tipologias como áreas expostas, vias de tráfego, processos industriais e fontes móveis. Foram estimados os principais poluentes atmosféricos — MP, MP₁₀, MP₂,₅, SO₂, NOₓ, CO, COVs e NH₃ —, resultando em uma base técnica abrangente que pode ser usada para planejamento de ações de controle e melhoria da qualidade do ar.

O relatório técnico integra o projeto “Pesquisa e Desenvolvimento de Metodologias para prognóstico e Prevenção de Eventos Críticos de Poluição Atmosférica” que, embora concentrado em Congonhas, abrangeu os municípios vizinhos de Belo Vale, Conselheiro Lafaiete, São Brás do Suaçuí, Jeceaba, Ouro Branco, Ouro Preto e Itabirito — com o objetivo de avaliar as interações regionais entre diferentes fontes emissoras. Além do alcance territorial, o documento representa um avanço em relação ao Inventário de Emissões Atmosféricas da Região de Congonhas – Ano Base 2012, ampliando o número inicial de quatro pontos de coleta e, portanto, a precisão das estimativas de emissões.

Segundo a professora Taciana Toledo, “o Inventário é um instrumento de conhecimento e planejamento, o ponto de partida para ações estruturantes de controle de emissões, estudos de dispersão atmosférica, avaliação de riscos à saúde e definição de estratégias de mitigação”. Para ela, o banco de dados gerado neste levantamento constitui uma base sólida e atualizada que pode servir como referência para futuras avaliações e campanhas de monitoramento.

Com base nos resultados, é possível “propor medidas preventivas, regulatórias e operacionais capazes de reduzir impactos, prevenir episódios críticos, consolidando Congonhas como referência nacional em gestão da qualidade do ar”, acredita Taciana Toledo. Trata-se também de um referencial passível de ser “replicado em outros municípios de Minas Gerais e do Brasil, contribuindo para o planejamento de políticas públicas regionais de controle ambiental”.

O projeto “Pesquisa e Desenvolvimento de Metodologias para prognóstico e Prevenção de Eventos Críticos de Poluição Atmosférica” é financiado pela Prefeitura de Congonhas, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). A execução técnica tem a parceria da QualityAmb Consultoria Ambiental e os recursos foram gerenciados pela Fundação Christiano Ottoni com apoio do Escritório de Ligação (ELO UFMG).

 

Belo Horizonte – 24/11/2025

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